Neoindustrialização: o Brasil em busca de um novo ciclo de desenvolvimento

Desde 2023, o Brasil tem buscado a reconstrução de sua indústria nacional por meio de um conjunto de políticas públicas voltadas ao crescimento inclusivo, inovador e sustentável. Essa nova abordagem objetiva enfrentar os desafios históricos decorrentes da desindustrialização precoce, iniciada na década de 1980, após o período de crescimento industrial que marcou o país entre 1930 e 1970.

Com o programa Nova Indústria Brasil, do Governo Federal, foi estabelecida a base para a chamada neoindustrialização, guiada por metas estratégicas. Os recursos destinados ao setor cresceram de R$ 300 bilhões para R$ 500 bilhões em 2024, com o apoio de instituições como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Esses investimentos têm impulsionado cadeias produtivas prioritárias, fortalecendo a competitividade da indústria nacional.

A economia verde ocupa posição central nessa agenda. Programas como o Mover, voltado à descarbonização de frotas automotivas, e o Centro de Bionegócios da Amazônia, que promove a bioeconomia, reforçam o compromisso com a sustentabilidade. Essas iniciativas não apenas contribuem para a preservação ambiental, mas também posicionam o Brasil como um ator relevante no cenário global de energias renováveis e inovação ecológica.

Os resultados econômicos começam a se refletir nos indicadores: o PIB cresceu 3,5% em 2024, enquanto a taxa de desemprego recuou para 6,1%. No setor industrial, o país avançou da 70ª para a 40ª posição no ranking global de produção, com as exportações de bens de alta tecnologia apresentando um aumento de 8%. Esses dados demonstram a integração entre política industrial e comércio exterior.

A neoindustrialização, no entanto, não se limita a resultados econômicos. Projetos como Raízes Comex e Elas Exportampromovem inclusão social e igualdade de gênero no mercado internacional, ampliando os impactos sociais das políticas industriais. Essa abordagem integradora transforma o setor industrial em um catalisador para o desenvolvimento social, com foco na equidade.

O Programa Conecta Indústria criou 68 polos de inovação tecnológica em diferentes regiões do país, com destaque para a adoção de tecnologias 5G e inteligência artificial nos processos produtivos. Paralelamente, a Rede Nacional de Capacitação Digital alcançou 120 mil jovens até o final de 2024, com formação voltada às competências digitais e à Indústria 4.0.

No âmbito da economia criativa, o Programa Criativa Brasil aprovou 190 projetos em áreas como audiovisual, design e moda sustentável, gerando 22 mil empregos diretos e fortalecendo a balança comercial criativa do país. Além disso, instituições históricas, como Petrobras e BNDES, retomaram seus programas de fomento, contribuindo para a consolidação da indústria nacional.

Apesar dos avanços, a infraestrutura permanece um desafio crítico para o desenvolvimento industrial. Os investimentos de R$ 1,6 trilhão, anunciados no final de 2024, buscam endereçar gargalos em áreas como saneamento básico, habitação e mobilidade urbana, com metas estabelecidas até 2033. Cerca de 62,5% desses recursos estão destinados ao setor de infraestrutura, oriundos de parcerias público-privadas e linhas de crédito.