Santa Catarina entre os mais afetados por tarifaço dos EUA: prejuízo pode ultrapassar R$ 1,7 bilhão
Florianópolis, 30 de julho de 2025 – O novo pacote de tarifas anunciado pelos Estados Unidos, com alíquota de
Florianópolis, 30 de julho de 2025 – O novo pacote de tarifas anunciado pelos Estados Unidos, com alíquota de até 50% sobre produtos importados, deve provocar um impacto bilionário na economia brasileira. Santa Catarina figura entre os estados mais prejudicados, com perdas estimadas em R$ 1,7 bilhão e uma retração prevista de 0,31% no Produto Interno Bruto (PIB) estadual – a segunda maior do país em termos proporcionais.
O levantamento foi realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). A medida, que entra em vigor no dia 1º de agosto, pode eliminar até 110 mil empregos no país, reduzir em 0,16% o PIB nacional e provocar um encolhimento de 2,1% no comércio global.
As perdas devem se concentrar principalmente no Sul e no Sudeste, regiões onde a indústria de transformação tem papel predominante nas exportações para o mercado norte-americano. Em Santa Catarina, 99% das vendas externas aos Estados Unidos vieram da indústria – especialmente setores como máquinas, têxteis e metalurgia.
Prejuízo maior no Sul e Sudeste
São Paulo lidera em valor absoluto, com um impacto estimado de R$ 4,4 bilhões e recuo de 0,13% no PIB. O estado tem nos EUA seu principal parceiro comercial, respondendo por 19% das exportações paulistas em 2024. Mais de 92% dessas vendas vieram da indústria de transformação.
No Rio Grande do Sul, o efeito das tarifas pode alcançar R$ 1,9 bilhão. Os EUA são o terceiro destino das exportações gaúchas, com 8,4% de participação. O Paraná aparece logo atrás, também com impacto próximo de R$ 1,9 bilhão, sendo que quase toda a exportação ao mercado norte-americano (97,5%) é industrial.
Minas Gerais completa o grupo dos cinco estados mais afetados, com perda estimada em R$ 1,6 bilhão. Em 2024, 66% das exportações mineiras para os EUA vieram da indústria, que é o terceiro maior destino das vendas do estado.
Outros estados também serão afetados
No Norte, o Amazonas deve enfrentar retração de R$ 1,1 bilhão, reflexo direto do peso do polo industrial de Manaus, responsável por 96% das exportações aos EUA. O Pará pode perder até R$ 973 milhões, ainda que os EUA respondam por apenas 3,6% de suas exportações – praticamente todas industriais.
Já o Centro-Oeste soma prejuízo superior a R$ 1,9 bilhão, com destaque para Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No Nordeste, Bahia, Pernambuco e Ceará concentram as maiores perdas, com impactos de R$ 404 milhões, R$ 377 milhões e R$ 190 milhões, respectivamente.
Apesar de a medida mirar diretamente a China, seus efeitos colaterais atingem com força a indústria brasileira. A dependência do setor industrial nas exportações para os Estados Unidos torna o país especialmente vulnerável a barreiras tarifárias desse porte.



