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A bolha do pessimismo e a realidade econômica nacional: entre narrativas e números

O debate econômico no Brasil segue dominado por um pensamento único, guiado por interesses específicos e por uma visão

A bolha do pessimismo e a realidade econômica nacional: entre narrativas e números

O debate econômico no Brasil segue dominado por um pensamento único, guiado por interesses específicos e por uma visão que ignora contradições da realidade concreta. As análises que prevalecem na grande mídia e nas redes sociais repetem dogmas sem embasamento nos dados, alimentando um cenário de catástrofe que não se sustenta nos números.

O artigo do geógrafo econômico José Messias Bastos, publicado no Jornal GGN, desafia essa lógica com uma análise criteriosa. Discípulo de Ignacio Rangel, o economista mais singulare do Brasil, e de Armen Mamigonian, o maior geógrafo vivo do país, Bastos denuncia como a manipulação das narrativas econômicas distorce a percepção pública sobre o governo federal, ignorando avanços concretos em prol de interesses específicos.

Em “Análises Superficiais e Interesses Ocultos”, Bastos critica a falta de profundidade nas projeções econômicas e evidencia discrepâncias notáveis. O Relatório Focus do Banco Central, de 29 de dezembro de 2023, previa um crescimento do PIB de 1,52% para 2024, mas o resultado real foi 3,5%. O IPCA projetado era 3,9%, mas alcançou 4,8%. A taxa Selic esperada era 9,0%, mas ficou em 12,25%, enquanto o câmbio previsto de R$5,00/US$ chegou a R$6,00/US$. Esses erros recorrentes revelam a desconexão entre previsões e realidade, exigindo revisões metodológicas para evitar distorções que influenciam negativamente a opinião pública e a formulação de políticas.

O Brasil apresenta indicadores sólidos que, em qualquer outro momento, seriam motivo de otimismo: crescimento do PIB acima das expectativas, queda do desemprego, recuperação da indústria e do consumo interno e retomada do investimento público. No entanto, esses resultados são ignorados ou minimizados por setores interessados em perpetuar a narrativa do fracasso.

Há um esforço deliberado para deslegitimar qualquer avanço, distorcendo dados e alimentando o pessimismo. Diagnósticos alarmistas são propagados, e, quando a realidade os contradiz, muda-se o foco ou desqualificam-se os números. Trata-se menos de análise econômica e mais de disputa política travestida de tecnicismo.

Bastos desmascara essa estratégia e expõe a superficialidade do debate econômico no Brasil. O pessimismo fabricado não apenas desinforma, mas prejudica a formulação de políticas públicas que poderiam impulsionar o desenvolvimento. Enquanto análises enviesadas moldam a percepção coletiva, a economia real segue um curso diferente. Para romper esse ciclo, é preciso substituir previsões catastróficas por uma avaliação técnica fundamentada, alinhada à realidade dos dados, e não às conveniências de grupos específicos.

O embate em torno da narrativa econômica reflete um cenário mais amplo de disputa ideológica e política, onde a construção de falsas verdades serve atualmente como pilar para os projetos de poder da extrema direita. No Brasil, esse fenômeno não é novo, mas se reinventa constantemente, utilizando instrumentos internos para cumprir objetivos externos, distantes das necessidades do desenvolvimento nacional. O domínio sobre a percepção pública não é apenas um jogo retórico, mas um mecanismo de controle que visa frear qualquer projeto autônomo de crescimento. Enfrentar esse desafio exige romper com a manipulação sistemática da realidade e resgatar um debate econômico ancorado em fatos e na soberania nacional.

About Author

Leonardo Mosimann Estrella

Administrador e jornalista profissional, especialista em marketing, comunicação pública, gestão de crise e gestão de pessoas. Mestre e doutorando em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental, com mais de 15 anos de experiência em políticas públicas e concessões. Cursa também Ciências Econômicas e é docente na área de Administração.